Janeiro Branco: como as doenças endócrinas também podem se relacionar com a saúde mental
No calendário anual da Saúde, o mês de janeiro é dedicado à saúde mental, por meio da campanha conhecida como Janeiro Branco.
Você sabia que, inclusive, existe relação entre as doenças endócrinas e o nosso bem-estar mental e emocional?
Como endocrinologista e metabologista, meu compromisso é fazer com que você conheça também sobre essa relação, oferecendo informações que contribuam para o entendimento integral da saúde dos meus pacientes.
Vamos falar mais sobre este assunto?
Acompanhe a leitura!
O Janeiro Branco
Antes de começarmos, é essencial a gente entender o que é o Janeiro Branco e desde quando ele existe.
Criada em 2014, em Minas Gerais, pelo psicólogo Leonardo Abrahão, a campanha visa alertar para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico.
O mês de janeiro foi escolhido pela percepção que temos dele quando o ano começa.
Geralmente, é neste mês que fazemos planos, estabelecemos metas e projetamos como queremos que o nosso ano seja.
E por que não virar o ano desejando mais saúde mental, não é mesmo?
Tireoide e relação com o nosso estado emocional
Indo, agora, diretamente para o ponto principal do nosso bate-papo de hoje, vamos começar falando da tireoide.
Como você já sabe, essa é uma glândula em forma de borboleta localizada na base do nosso pescoço.
Responsável pela produção dos hormônios tireoidianos, a tireoide desempenha um papel vital na regulação do nosso metabolismo. Você sabia?
Dessa maneira, o desequilíbrio hormonal, seja pelo hipotireoidismo (produção insuficiente de hormônios) ou pelo hipertireoidismo (produção excessiva), pode impactar diretamente o nosso estado emocional.
No hipotireoidismo, é comum observarmos sintomas como fadiga, letargia e depressão. A Associação Americana dos Endocrinologistas Clínicos indica, inclusive, considerar o diagnóstico do hipotireoidismo em todo paciente com depressão.
A diminuição da produção de hormônios tireoidianos pode afetar não apenas o corpo, mas também o cérebro, resultando em alterações no humor e na cognição.
Por outro lado, o hipertireoidismo pode levar à ansiedade, tremores, palpitação, agitação, irritabilidade e insônia, uma vez que há uma superprodução de hormônios que aceleram o metabolismo.
Assim, dessa maneira, é essencial que aqueles que experimentam mudanças significativas no humor e na energia busquem avaliação médica. Um exame de sangue simples para verificar os níveis hormonais pode ser o primeiro passo para entender e abordar as questões relacionadas à tireoide.
Diabetes x Depressão
A relação entre diabetes e saúde mental também é uma área frequentemente subestimada e deve ser olhada com carinho neste Janeiro Branco.
Pacientes com diabetes, especialmente quando este não é manejado da forma correta, podem enfrentar enormes desafios emocionais.
Aliás, entre as pessoas com diabetes, a depressão é encontrada 3 a 4 vezes mais do que na população geral.
Fora isso, o paciente com diabetes também pode desenvolver estresse crônico, muitas vezes associado ao monitoramento constante da glicose, ajustes na medicação e preocupações com complicações de longo prazo, o que pode afetar significativamente o bem-estar mental.
É por isso que, como endocrinologista, busco não apenas tratar as condições endócrinas, mas também oferecer suporte emocional aos pacientes com diabetes.
A criação de estratégias integradas, com outros profissionais, como o psicólogo, é fundamental para termos resultados positivos no tratamento.
Os hormônios sexuais
E o que dizer dos hormônios sexuais?
A influência deles, como a progesterona e o estrogênio, nas mulheres, e a testosterona, nos homens, na saúde mental, é algo importante de ser observado.
Em mulheres, os ciclos hormonais, especialmente durante a menstruação, gravidez e menopausa, podem estar associados a alterações no humor, por exemplo.
A síndrome pré-menstrual (TPM) é um exemplo claro, com sintomas que vão desde irritabilidade até à ansiedade.
Além disso, estudos sugerem que mudanças nos níveis de estrogênio durante a menopausa podem estar ligadas a um aumento do risco de depressão.
No caso dos homens, a diminuição dos níveis de testosterona associada ao envelhecimento ou não, no que chamamos de hipogonadismo, pode contribuir para a fadiga, cansaço, dificuldade de ereção, redução da libido e até mesmo sintomas depressivos.
Entender essas complexidades hormonais é fundamental para oferecer cuidados personalizados e individuais, de acordo com a necessidade de cada paciente.
Portanto, se você está passando por algo similar, não esqueça de procurar ajuda médica!
Obesidade: estigma da sociedade pode piorar saúde mental
Para finalizar, temos a obesidade, uma área que também atendo em meu consultório.
De maneira geral, a sociedade tem o costume de estigmatizar e criticar as pessoas pelo seu excesso de peso, o que pode levar a problemas de autoestima e autoimagem nos pacientes que sofrem da condição.
Além disso, a obesidade pode estar também associada a condições como resistência à insulina, diabetes tipo 2 e distúrbios da tireoide, que, por sua vez, podem complicar e impactar ainda mais a saúde mental.
A ansiedade e a depressão são mais comuns entre aqueles que lutam contra a doença.
O ciclo é desafiador: as questões emocionais podem levar a hábitos alimentares inadequados, contribuindo para o ganho de peso, enquanto a obesidade, por ela própria, pode aumentar o risco de problemas endócrinos e agravar as emoções do paciente.
Para finalizar
Como vimos, a relação entre as doenças endócrinas e a saúde mental é profunda e multifacetada.
Se você enfrenta desafios emocionais associados a questões endócrinas, saiba que estou aqui para te ajudar e oferecer suporte em sua jornada rumo a uma vida mais saudável e equilibrada!
Não deixe de marcar a sua consulta comigo se tiver mais dúvidas e/ou quiser tratar questões relacionadas à obesidade, diabetes, menopausa, tireoide, entre outras.
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