Tudo o que você precisa saber sobre sensibilidade ao glúten e obesidade
Antigamente, ser intolerante ou sensível ao glúten era sinônimo de uma pessoa magra, afinal, cortava-se uma das principais proteínas que poderia ser responsável pelo ganho de peso, quando em excesso, no ser humano.
Hoje em dia, isso já caiu por terra, e já vemos diversos casos de pessoas sensíveis ao glúten e obesas.
A relação entre a sensibilidade ao glúten e a obesidade tem, assim, despertado interesse crescente no campo da saúde e da nutrição.
Vamos falar um pouco mais sobre isso?
Aquecendo as turbinas
O glúten, uma mistura de proteínas conhecidas como gliadina e glutenina, é uma substância presente em determinados cereais, incluindo trigo, centeio, malte e cevada.
Essas proteínas são encontradas no endosperma, que é a parte nutritiva do embrião da planta, e processadas/utilizadas na preparação de diversos alimentos
Quando falamos em pessoas sensíveis ao glúten, falamos de pessoas que têm reações adversas após o seu consumo.
É importante esclarecer, no entanto, que ser sensível ao glúten não é sinônimo de ser intolerante à proteína. Neste caso, temos a doença celíaca, um distúrbio inflamatório crônico que ocorre no intestino delgado.
Já a obesidade, por sua vez, é uma condição de saúde preocupante que afeta uma parcela significativa da população mundial.
Antes de tudo, é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, e que pode causar diabetes tipo 2, hipertensão arterial, aumento de colesterol e triglicérides, doenças cardiovasculares, artrose e refluxo gastroesofágico.
Existem três tipos dela:
Obesidade grau 1: quando o Índice de Massa Corporal (IMC) do paciente está entre 30 e 34,9
Obesidade grau 2: quando o IMC está entre 35 e 39,9
Obesidade grau 3, também chamada obesidade mórbida: quando o IMC está acima de 40
Permeabilidade intestinal
“Ok, Dra. Flavia, mas como que essas duas doenças aparentemente distintas eles se relacionam?”
É relativamente simples: pessoas sensíveis ao glúten tendem a ter algo que chamamos de permeabilidade intestinal.
A permeabilidade intestinal, também conhecida como “intestino permeável” ou “síndrome do intestino permeável”, refere-se a uma condição em que a barreira intestinal, que normalmente protege o intestino delgado, torna-se mais permeável do que o normal.
Essa barreira é formada por células epiteliais que revestem o intestino delgado, juntamente com junções estreitas entre essas células, que atuam como uma barreira seletiva, controlando a passagem de substâncias do intestino para a corrente sanguínea.
Quando ocorre aumento da permeabilidade intestinal, as junções entre as células epiteliais podem se tornar mais frouxas ou danificadas, permitindo que partículas maiores, como toxinas, bactérias, fragmentos de alimentos não digeridos e substâncias indesejadas, atravessem a barreira intestinal e entrem na corrente sanguínea,o que pode ser muito perigoso.
Essas substâncias estranhas podem desencadear uma resposta imunológica, resultando em inflamação sistêmica, doenças autoimunes, alergias, intolerâncias alimentares, distúrbios digestivos, diabetes, aumento do colesterol e a “estrela” do post de hoje, a obesidade.
Isso porque ter um intestino mais permeável também reduz a nossa capacidade de absorção de nutrientes e de queima de calorias.
Ficou mais claro, querida(o) paciente?
Saúde intestinal também é saúde
Apesar de tudo isso, é importante ressaltar que ainda existem diversas pesquisas em andamento para entender completamente as causas e as consequências da permeabilidade intestinal.
Ter obesidade não quer dizer ser sensível ao glúten ou ter permeabilidade intestinal, nem vice-versa. Da mesma maneira, nem mesmo ser sensível ao glúten significa ter um intestino permeável.
Entretanto, a saúde intestinal e a manutenção da integridade da barreira intestinal são consideradas aspectos importantes para o bem-estar geral, seja para o controle da obesidade, seja para a questão da sensibilidade ao glúten.
Ter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, prática de exercícios físicos regulares, controle do estresse e bom sono, pode ajudar a promover a saúde intestinal e a integridade da barreira intestinal.
Esse é o recado!
Como saber se você tem sensibilidade ao glúten
“Como saber se sou sensível ao glúten e se posso ter permeabilidade intestinal, Dra. Flavia?”
Determinar se você é sensível ao glúten pode ser um processo desafiador, uma vez que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e podem se sobrepor a outras condições de saúde, como a própria obesidade (reforçando que uma condição não necessariamente está ligada à outra).
No entanto, algumas dicas podem ajudar:
Observe seus sintomas
Fique atento a quaisquer sintomas recorrentes que você experimente após o consumo de alimentos que contenham glúten.
Esses sintomas podem incluir desconforto abdominal, inchaço, diarreia, prisão de ventre, fadiga, dores de cabeça, erupções cutâneas ou alterações de humor. Anote os sintomas e os alimentos consumidos para identificar padrões.
Experimente uma dieta de eliminação
Considere fazer um período de eliminação do glúten da sua dieta.
Isso envolve remover todos os alimentos que contêm glúten, como trigo, cevada, centeio e produtos derivados, por um período de tempo específico, geralmente de duas a quatro semanas.
Observe se seus sintomas melhoram durante esse período.
Realize um teste médico
Se você suspeitar de sensibilidade ao glúten, procure orientação médica.
Um médico pode solicitar exames de sangue para verificar a presença de anticorpos específicos, como anticorpos antigliadina e anticorpos antitransglutaminase tecidual.
No entanto, é importante lembrar que esses testes não são conclusivos para a sensibilidade ao glúten não celíaca.
Faça um teste de reintrodução
Após o período de eliminação do glúten, você pode considerar reintroduzir gradualmente alimentos com glúten em sua dieta e observar se os sintomas retornam.
Se houver uma correlação entre a reintrodução do glúten e o reaparecimento dos sintomas, isso pode indicar uma sensibilidade ao glúten.
Para finalizar
Agora que você já sabe tudo sobre sensibilidade ao glúten e obesidade, mande esse conteúdo para quem também precisa saber.
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